Uma análise recente do programa Minha Casa, Minha Vida revela uma distribuição desigual de unidades habitacionais, favorecendo a região Sudeste em detrimento de áreas com maior déficit habitacional no Norte e Nordeste do país, conforme reportagem publicada pela Folha de São Paulo.
O jornalista Lucas Marchesini, em matéria veiculada no início de agosto pela Folha de São Paulo, apresenta dados do Ministério das Cidades que evidenciam essa disparidade. Estados como Maranhão e Pará, que lideram o ranking de déficit habitacional proporcional, receberão significativamente menos unidades do que estados do Sudeste em melhor situação.
André Baia, diretor do Fórum Norte Nordeste da Indústria da Construção (FNNIC), explicou ao jornalista Lucas Marchesini os dois principais fatores que contribuem para a concentração de unidades do programa no Sudeste:
“Primeiramente, a renda média no Norte e Nordeste é consideravelmente mais baixa, o que dificulta a concessão de crédito pela Caixa Econômica Federal, especialmente para famílias com renda inferior a R$2.000, que representam a maioria nessas regiões. Em segundo lugar, particularmente no Norte, o custo dos materiais de construção é elevado devido a desafios logísticos. O acesso mais restrito encarece significativamente esses insumos. Uma solução potencial seria a homologação de métodos construtivos utilizando madeira nessas regiões, o que demandaria a ação coordenada de diversos órgãos governamentais.”
Os números apresentados na reportagem são reveladores. As maiores disparidades nas duas métricas estão no Maranhão e no Pará. O estado nordestino tem o quinto maior déficit habitacional (320 mil) e está na posição 16 em unidades anunciadas do Minha Casa, Minha Vida. Já o Pará tem o quinto maior déficit habitacional e é o 19º em residências anunciadas do programa habitacional. Em contrapartida, São Paulo, com um déficit de 1,2 milhão de moradias, será contemplado com 270 mil imóveis.
O FNNIC, que representa a indústria da construção nas regiões Norte e Nordeste, defende uma revisão dos critérios de distribuição. A preocupação do setor vai além da construção civil, abrangendo o desenvolvimento socioeconômico das regiões.
O programa Minha Casa, Minha Vida, relançado no atual governo, tem como meta reduzir o déficit habitacional no país. No entanto, o número de contratações ainda está aquém do auge alcançado em gestões anteriores, conforme aponta a matéria da Folha.
Em meio a essas discussões sobre políticas habitacionais, o FNNIC realizará seu próximo encontro em Aracaju, nos dias 19 e 20 de setembro, no Quality Hotel Aracaju. Esta será a VII edição do Fórum, que reúne construtores e incorporadores dos estados do Norte e Nordeste, além de autoridades e profissionais do setor.
O Fórum Norte e Nordeste da Indústria da Construção (FNNIC) mobiliza representantes de 16 estados, incluindo Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe.
O evento tem como objetivo principal promover o intercâmbio de conhecimentos e práticas que contribuem para a evolução do setor imobiliário e de obras públicas nas regiões Norte e Nordeste. Embora a distribuição do Minha Casa, Minha Vida seja um tema relevante, o fórum abordará uma ampla gama de assuntos pertinentes à indústria da construção.
“Nossa missão vai além de discutir programas específicos. Buscamos fomentar o desenvolvimento sustentável do setor em nossas regiões, abordando aspectos financeiros, tecnológicos e de geração de emprego e renda”, explica André Baia.
A VII edição do FNNIC em Aracaju será uma oportunidade para os participantes debaterem os desafios e oportunidades do setor, compartilharem experiências bem-sucedidas e proporem soluções inovadoras para o crescimento da indústria da construção no Norte e Nordeste do Brasil.